6/19/2016

1 de Junho de Outrora

As recordações são fortes! Hoje, em homenagem aos meus alunos (os que agora não comemoramos juntos o dia 1 de Junho), também porque ainda tenho memória, resolvi escrever duas linhas sobre o dia 1 de Junho de “outrora”.

O dia Internacional das crianças era uma festa quase popular, em que praticamente, todas as pessoas da comunidade (pelo menos, a minha que é muito pequena), se reuniam para comemorar “o dia das crianças”.

Às vésperas o coração começava a acelerar, os preparativos, o penteado, o banho mais demorado, para tirar todos os “lodos”, o esfregar dos pés (essa é a parte que menos gostava), o cortar das unhas etc. Mal dormia, pois a ansiedade era grande. Normalmente, nesse dia, eu era a primeira a levantar-se da cama.

Chagara o grande dia! Como não podia deixar de ser, por ser o dia mais importante na vida de uma criança, a minha mãe se preocupava eu escolher o vestido mais lindo, para combinar com o sapato mais bonito, até com direito de banho com sabonete, para preparar a criança que ia comemorar o seu dia.

Depois, havia a questão do prato, da colher e do copo, que tínhamos sempre de levar, pois a escola não tinha que chegasse. Esses eram embrulhados num saco de plástico, para facilitar o transporte, mas, no final da festa, já não nos lembrávamos deles.
Quando chegávamos à escola, o espaço já estava todo preparado, com as mesas encostadas à parede e começava a disputa de lugares, que, como é óbvio não chegava para todos aos alunos, do período de manhã e da tarde.

Ainda, para complicar mais a situação levávamos os irmãos mais novos, que também, diga-se de passagem tinham lá o seu direito, de comemorar o dia das crianças, pois, todos somos crianças e aí a disputa do assento era bem cerrada!
No entanto, acabava-se sempre por arranjar algumas soluções para o problema, e uma delas era colocar todas as crianças mais novas no espaço onde ficava a mesa do professor, que era um pouco mais alto.

A parte da animação era bem diferente! Sempre a gritar “viva um de Junho!” “Viva as crianças!” E assim passávamos o nosso 1º período do dia, bem animado com as correrias, gargalhadas e brincadeira (ainda não havia os telemóveis para tirar self), mas, também não sentíamos falta nenhuma, deste dispositivo que tem complicado e muito, a convivência entre miúdos e graúdos.
Outra recordação bem presente é a parte do “queque e xalalá”, algum tempo depois tomaram o nome de “bolo cu sumo”. Ainda me lembro do gosto do sumo “Tango”!

Depois do almoço e do copo de água, começava a matiné, aí é que apareciam os rapazes e as raparigas (os mais crescidos), para também comemorarem, embora já não fossem crianças.
A parte mais triste chegava, quando os professores nos ”obrigavam” a sair da festa, porque, por nós, ficávamos até o anoitecer! Mas, como gente grande é que sabe, o que é bom para as crianças, íamos para casa a resmungar. A tristeza e alguma “revolta” passavam logo, pois havia a parte do relato dos acontecimentos mais inusitados, durante o percurso escola-casa.

Para finalizar ficava bem mais ilustrativa, uma fotografia dos meninos de regresso à casa, depois do grande dia, com “os sapatos nas mãos”, pés carregados de terra a combinar com roupa toda suja!
Mas fotografia nessa altura, a mda ainda não tinha pegado!