As recordações são fortes! Hoje, em homenagem aos meus alunos (os que agora não comemoramos juntos o dia 1 de Junho), também porque ainda tenho memórias, resolvi escrever duas linhas sobre o dia 1 de Junho de “outrora”.
Uma verdadeira festa popular antigamente! Uma festa que juntava pais, alunos e.toda comumidade educativa reuniam-se nesse dia, para comemorar “o dia das crianças”.
Na vésperas, o coração começava a acelerar, os preparativos, o penteado, o banho mais demorado, para tirar todos os “lodos”, o esfregar dos pés (essa é a parte que menos gostava), o cortar das unhas etc. Mal dormia, pois a ansiedade era grande. Normalmente, nesse dia, eu era a primeira a levantar-se da cama.
Chagara o grande dia! Como não podia deixar de ser, por ser o dia mais importante na vida de uma criança, a minha mãe se preocupava eu escolher o vestido mais lindo, para combinar com o sapato mais bonito
Depois havia a questão do prato, da colher e do copo que tínhamos sempre de levar, pois a escola não tinha que chegasse. Esses eram embrulhados num saco de plástico, para facilitar o transporte mas, no final da festa, já não nos lembrávamos deles.
Quando chegávamos à escola, encontrávamos o espaço todo preparado para nos receber. Éramos as celebridades do dia!
Normalmente as mesas ficavam encostadas à parede para que tivessemos mais espaço de circulação.
Logo à chegada começava a disputa de
lugares, que, como é óbvio, não chegava para todos aos alunos, do
período de manhã e da tarde.
Ainda, para complicar mais a situação levávamos os irmãos mais novos, que também, diga-se de passagem tinham lá o seu direito de comemorar o dia das crianças, pois, todos somos crianças.
No entanto, acabava-se sempre por arranjar algumas soluções para o problema, e uma delas era colocar todas as crianças mais novas no espaço onde ficava a mesa do professor, que era um pouco mais alto.
A parte da animação era bem diferente! Sempre a gritar “viva um de Junho!” “Viva as crianças!” E assim passávamos o nosso 1º período do dia, bem animadas com as correrias, gargalhadas e brincadeira (ainda não havia os telemóveis para tirar self) mas, também não sentíamos falta nenhuma deste dispositivo que tem complicado e muito, a convivência entre miúdos e graúdos.
Outra recordação bem presente é a parte do “queque e xalalá”. Com o passar do tempo foram substituídos por “bolo e sumo”. Ainda me lembro do gosto do sumo “Tango”!
Depois do almoço e do copo de água, começava a matiné, aí é que apareciam os rapazes e as raparigas (os mais crescidos), para também comemorarem, embora já não fossem crianças.
A parte mais triste chegava, quando os professores nos
”obrigavam” a sair da festa, porque, por nós, ficávamos até ao anoitecer!
Mas, como gente grande é que sabe o que é bom para as crianças, íamos
para casa a resmungar.
A tristeza e alguma “revolta” passavam logo, pois
havia a parte dos relatos dos acontecimentos mais inusitados, durante o
percurso escola-casa.