6/19/2016



Renovação das práticas na gestão escolar precisa-se!

Ao longo dos anos temos assistido permanentemente as mesmas práticas, por parte das escolas públicas cabo-verdianas (sob as diretrizes do MED), no que tange à Planificação, Organização, Seguimento e Avaliação, do processo Ensino-Aprendizagem. Práticas essas, que, no meu ponto de vista, carecem neste momento, de uma revisão e introdução de inovações. 

Como professores somos continuamente desafiados a introduzir inovação nas nossas práticas pedagógicas, de modo a responder as demandas dos alunos e por conseguinte da sociedade atual. No entanto, creio que as estruturas escolares e o próprio MED não têm tido a capacidade, de por sua vez, dar respostas a novas demandas da sociedade. 

Antes de mais, penso que as escolas ainda não têm uma cultura de liderança democrática, no sentido de promover uma verdadeira participação dos alunos, nas tomadas de decisões, relativamente a assuntos que são os principais interessados. Nesse sentido, as práticas devem ser revistas, para que se tenha uma maior valorização e incentivo à participação de todos (alunos, pais/encarregados de educação, professores, encarregadas/os de limpeza, cozinheiras/os, auxiliares administrativos, guardas...).
Existe claramente um grande défice de participação dos alunos, professores e demais profissionais das escolas, na tomada de decisões. Urge reflectir e orientar as escolas públicas, a modificarem os “modus operandi” , no sentido de permitir maior participação da comunidade educativa

Há necessidade de imprimir maior dinamismo nas escolas e trabalhar no sentido de se resolver determinados problemas, que vêm arrastando, anos após anos.
Certamente, que as escolas têm necessidade de mais recursos humanos, para dar respostas às demandas, pois, o gestor/a sozinho/a não teria como dar “conta do recado”, porque como se sabe, a Gestão Escolar tem várias dimensões (aspectos pedagógicos, organizacional, Gestão interna de recursos humanos/conflitos, Alimentação Escolar….). 

Em jeito de sugestão deixaria aqui algumas ideias para o próximo ano lectivo de modo a imprimir maior participação e dinamismo nas nossas escolas:


  • Realização de Assembleias escolares com grupos diferenciados (alunos, pais, professores), como forma de ter uma radiografia da escola e de recolher subsídios/sugestões para melhorar os aspectos menos conseguidos.



  • Realização de um evento de “Portas abertas” (bem planificado), para dar a conhecer aos pais e à comunidade educativa as ideias, os projetos e as aspirações da escola, para curto, médio e longo prazo e aproveitar o momento para fazer um Brainstorming, e encontrar novas soluções, para velhos problemas.



  • Realização de pelo menos três encontros, durante o ano com os pais (inicio, meio e fim), para apresentação dos planos, para fazer avaliação a meio percurso e para dar a conhecer os ganhos e prestação de contas, de modo a que se sintam parte do processo.

Importante: Planificar bem os encontros com os pais/encarregados de educação, estabelecer uma comunicação clara e objectiva, ser pontual, no início e no fim e se possível enviar o programa do encontro com antecedência, para que as pessoas possam se preparar para os encontros e dar algum contributo. 


  • Organização de encontros periódicos com a associações de pais, no sentido de esta ajudar a encontrar soluções para os problemas que surgem na escola, planificação e execução de algumas atividades, assim como na concepção de programas de mobilização de recursos, para a implementação de projetos na escola.



  • Criação de um programa próprio, aproveitando os recursos humanos da escola, ou convidando especialistas para organização de pequenas ações de capacitação em diferentes áreas: Liderança na sala de aula, gestão de conflitos, Gestão emocional, ética na docência, comunicação assertiva, relação salutar com a família, como dar feedback sobre educando, estratégias criativas de gestão da sala de aula etc.

  • A nível do da Delegação do MED, criar espaço de partilha de experiências bem-sucedidas e de divulgação de boas práticas a nível das escolas.


Numa escola democrática as decisões são tomadas pelo coletivo, as responsabilidades são partilhas, as vitórias e os fracassos também!

1 de Junho de Outrora

As recordações são fortes! Hoje, em homenagem aos meus alunos (os que agora não comemoramos juntos o dia 1 de Junho), também porque ainda tenho memórias, resolvi escrever duas linhas sobre o dia 1 de Junho de “outrora”.

Uma verdadeira festa popular antigamente! Uma festa que juntava pais, alunos e.toda comumidade educativa reuniam-se nesse dia, para comemorar “o dia das crianças”.

Na vésperas, o coração começava a acelerar, os preparativos, o penteado, o banho mais demorado, para tirar todos os “lodos”, o esfregar dos pés (essa é a parte que menos gostava), o cortar das unhas etc. Mal dormia, pois a ansiedade era grande. Normalmente, nesse dia, eu era a primeira a levantar-se da cama.

Chagara o grande dia! Como não podia deixar de ser, por ser o dia mais importante na vida de uma criança, a minha mãe se preocupava eu escolher o vestido mais lindo, para combinar com o sapato mais bonito


Depois havia a questão do prato, da colher e do copo que tínhamos sempre de levar, pois a escola não tinha que chegasse. Esses eram embrulhados num saco de plástico, para facilitar o transporte mas, no final da festa, já não nos lembrávamos deles.
 
Quando chegávamos à escola, encontrávamos o espaço todo preparado para nos receber. Éramos as celebridades do dia!
Normalmente as mesas ficavam encostadas à parede para que tivessemos mais espaço de circulação.

 Logo à chegada começava a disputa de lugares, que, como é óbvio, não chegava para todos aos alunos, do período de manhã e da tarde.

Ainda, para complicar mais a situação levávamos os irmãos mais novos, que também, diga-se de passagem tinham lá o seu direito de comemorar o dia das crianças, pois, todos somos crianças.
 
No entanto, acabava-se sempre por arranjar algumas soluções para o problema, e uma delas era colocar todas as crianças mais novas no espaço onde ficava a mesa do professor, que era um pouco mais alto.

A parte da animação era bem diferente! Sempre a gritar “viva um de Junho!” “Viva as crianças!” E assim passávamos o nosso 1º período do dia, bem animadas com as correrias, gargalhadas e brincadeira (ainda não havia os telemóveis para tirar self) mas, também não sentíamos falta nenhuma deste dispositivo que tem complicado e muito, a convivência entre miúdos e graúdos.

Outra recordação bem presente é a parte do “queque e xalalá”. Com o passar do tempo foram substituídos por “bolo e sumo”. Ainda me lembro do gosto do sumo “Tango”!

Depois do almoço e do copo de água, começava a matiné, aí é que apareciam os rapazes e as raparigas (os mais crescidos), para também comemorarem, embora já não fossem crianças.

A parte mais triste chegava, quando os professores nos ”obrigavam” a sair da festa, porque, por nós, ficávamos até ao anoitecer! Mas, como gente grande é que sabe o que é bom para as crianças, íamos para casa a resmungar. 

A tristeza e alguma “revolta” passavam logo, pois havia a parte dos relatos dos acontecimentos mais inusitados, durante o percurso escola-casa.